sexta-feira, 7 de março de 2014

Conhecendo Nossos Vizinhos

A gente vive anos num lugar,  e às vezes não  conhece nosso vizinho de porta. Isso  é muito comum nos edifícios das grandes cidades,  mas aqui no Vale não era para ser assim. E no entanto pelos maus  hábitos sociais que trazemos de nossas origens a coisa  se perpetua! Depois  de conhecer o Ronald Igel e seu trabalho genial me dediquei a conhecer um pouco mais dos  que me cercam. 

Há ótimas surpresas e tristes constatações (dessas ultimas falarei em momento apropriado).

Dentre as agradáveis surpresas está a Regina, esposa de S. Franciso Sá Borges, que já  foi nosso síndico, aliás, muito melhor que o estrupício que nos "administra" hoje. A Regina escreve contos, na  maioria infantis, mas de uma doçura tão grande que emociona.


É muito legal saber que dentre nossos vizinhos haja pessoas como a Regina.


                                               Aventura de gatinhos   

Regina Célia Machado Silva Sá Borges


Olá, deixa eu me apresentar: meu nome é Ajudante de Gato Cego. Deram-me esse nome porque me acharam na rua com o meu amigo, o gato Ceguinho, que foi vítima da maldade do bicho homem. Moro com meus dois amigos, a Morgana e o Ceguinho, numa casa de vila. Nós três vivemos na casa da nossa amiga Paula que nos viu na rua e nos adotou.
Bem, numa linda manhã de céu azul e muito sol, nós, os três gatinhos acordamos, espreguiçamos, esticando bem as patinhas da frente e depois as de trás e tomamos o leite que estava nas nossas tigelas.
 Depois de beber o leite fomos tomar sol na porta de casa. A Morgana, que é uma gata muito vaidosa, lambia seu pelo, pois é assim que os gatos tomam banho. Você sabe, gato é bicho muito limpinho. Enquanto eu observava o movimento da vila, o meu amigo Ceguinho se esquentava ao sol.
Vi D. Luiza, vizinha de frente, abrir as janelas, vi o Edu que ia para a escola carregando sua mochila, vi a D. Julia que saia para passear com seu bebê no carrinho e... Xi!! Lá vem a D. Regina, toda apressada, vinha fechando a bolsa enquanto andava, está sempre apressada para ir algum lugar, mesmo assim ela não deixou de falar com a gente.
 - Bom dia gatinhos, tudo bem?  Juízo hein! E continuou andando rápido, quase correndo.
Morgana, já toda arrumada, nos chamou para dar uma volta pela vizinhança.  E lá fomos nós caminhando pelas ruas movimentadas do bairro, até que chegamos a um terreno baldio.
Terreno baldio é sempre um lugar muito legal para explorar, muito mato, coisas velhas, alguns ratinhos para caçar, latas de refrigerante que algum bicho homem mal educado jogou ali etc... Havia uma pequena árvore ali e foi em cima dessa árvore que Morgana foi ficar. Imagina, se ela ia sujar seu pelo recém-lambido. O Ceguinho ficou farejando o lugar. E eu me distraía com uns ratinhos.
O Ceguinho foi andando pelo mato do terreno, não percebeu que havia um buraco e caiiiiuuuu.
Ficou assustado sem entender o que estava acontecendo e esperou um pouco pensando no que ia fazer. Enquanto esperava ele ouviu uma respiração, tinha mais alguém por ali, mas de quem era essa respiração? Ceguinho começou a ficar preocupado e nervoso, sem poder enxergar um palmo adiante do focinho pensou que o dono da respiração poderia ser um bicho muito maior do que ele, mas tratou de se acalmar e aguçou seus ouvidos de gato. De repente ele percebeu que eram uma respiração forte e outras respirações mais fraquinhas. Ficou quietinho prestando atenção. Até que ouviu uns barulhinhos parecendo pequenos miados e lembrou-se de quando ele era filhote com seus irmãos. Era o mesmo barulho. Ele foi cheirando, cheirando até que chegou perto de uma caixa onde havia uma gata com seus três filhotinhos recém-nascidos. A gata estava muito fraquinha e não tinha forças para miar. Foi aí que Ceguinho começou a miar, miar para chamar atenção dos amigos. Miou e miou até que seus miados chegaram aos ouvidos do Ajudante de Gato Cego, que ouviu e lembrou que havia esquecido do amigo. Saiu procurando o Ceguinho pelo terreno baldio.  Não conseguia encontrar o amigo. Foi chamar Morgana e os dois saíram para pedir ajuda. E os gatinhos tiveram a ideia de pedir ajuda do Coelhão, um gato enorme e muito experiente, que morava na casa da D. Luiza.
Falaram com Coelhão que prometeu ajuda-los. Coelhão foi procurar D. Luiza. Ela estava na cozinha preparando almoço. Ele chegou perto dela miou, passou pelos pés dela, mas ela estava muito ocupada para dar atenção pro Coelhão. Aí ele resolveu miar mais alto e arranhar de leve a perna da D. Luiza, que por fim falou com o seu gatão.
-Que foi Coelhão, você parece aflito!
Coelhão miava e dava voltas ao redor de D. Luiza, deixando-a preocupada. Até que Coelhão fez com que D. Luiza o seguisse até o terreno baldio. Chegando lá encontraram o Ajudante e Morgana. D. Luiza começou a entender o que estava acontecendo quando percebeu que faltava o Ceguinho. Olhou em volta e um miado longo chamou sua atenção e ela se dirigiu para onde vinha o som do miado. Vinha de um buraco e espiou dentro do buraco, logo viu e reconheceu o Ceguinho. Conseguiu descer para pega o animalzinho, foi quando avistou a caixa com a gatinha e os três filhotinhos.
- Que gatinho valente! Disse D. Luiza para o Ceguinho.
D. Luiza pegou o Ceguinho no colo fez um carinho nele e o levou para junto dos amiguinhos. Pegou a com cuidado a caixa com a gatinha e os filhotinhos e foi para casa seguida por Ceguinho, Ajudante de Gato Cego, Morgana e Coelhão.
Chegando em casa com a caixa e a nova família de gatos D. Luiza
tratou de dar um leitinho morno para a mamãe gata, arranjou uma caminha quentinha e confortável para ela e os filhotinhos.
E assim D. Luiza adotou a gatinha e seus filhotes. E o número de gatos cresceu naquela vila.

Agora são: Morgana, Ajudante de Gato Cego, Ceguinho, Coelhão, Marian, a gatinha mãe, e os três filhotes: Athos, Porthos e Aramis.

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